ROBERTO VAN WINKLE
Outono de 2020, quarentena sem previsão para terminar. As brigas cada vez mais frequentes testavam a paciência de Roberto ao ver sua esposa perambulando de cômodo em cômodo com o celular a tiracolo. Ambos estavam no mesmo barco, num confinamento insuportável.
Roberto fez a barba e resolveu sair, respirar um pouco. Caminhou rumo ao bosque dentro do condomínio, sentindo o ar fresco, aliviando sua tensão. Era, como muitos ao seu redor, investidor em bolsa, e estava sofrendo com a queda das suas posições. Sabia que não refletiam os fundamentos de longo prazo e que estava diante de uma janela de oportunidade geracional, mas, como muitos, estava paralisado pelo medo e simplesmente não tinha força emocional para aumentar sua exposição. Lembrou de 2008, do Ibovespa abaixo de 30 mil pontos, angústia por ter perdido o momento. “Ah, se eu soubesse lá o que sei hoje…”, pensou.
Foi quando percebeu uma aglomeração de pessoas ao lado e resolveu aproximar-se. Eram esquisitos, vestidos como se não pertencessem à sua era, mais brutos, língua estranha, com mãos calejadas. Estavam celebrando, tomando algo. Percebeu um olhar convidativo e sentou-se para confraternizar e esquecer o momento atual. Bebeu… Pegou no sono…
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